A análise de risco da tarefa (ART) é uma avaliação feita para identificar, quantificar e principalmente para elencar as medidas que precisam ser tomadas para eliminar ou controlar os riscos ocupacionais em todas as etapas dos processos realizados dentro de uma organização.
A gestão de risco eficaz começa com a identificação e abordagem dos perigos antes que os incidentes ocorram.
No entanto, em muitos casos, mesmo quando os profissionais de segurança entendem que uma análise de risco da tarefa é um método confiável para identificar os perigos do local de trabalho, os desafios (tempo, número de tarefas, softwares etc) e a metodologia adequada para executá-la muitas vezes se torna um obstáculo.
Além disso, mesmo quando as ARTs são realizadas, muitas vezes acabam não sendo revisadas periodicamente para garantir a manutenção de sua eficácia.
A atualização deve ocorrer sempre que houver a introdução de novas máquinas/equipamentos, matérias-primas, processos e criação ou alteração nos ambientes de trabalho.
Sem um entendimento sólido dos perigos e riscos a que seus funcionários estão expostos nas tarefas realizadas a cada dia, é impossível mantê-los em segurança.
O ponto principal é que realizar análise de risco da tarefa para cada processo executado, atualizando-as regularmente e fornecendo aos funcionários acesso fácil aos seus resultados, é essencial para gerar uma maior consciência, percepção e controle dos riscos ocupacionais.
Desse modo, elaborei este artigo para que você aprenda e aplique os 6 passos para uma Análise de Risco da Tarefa (ART) eficaz. Vamos lá!
PASSO 1: SELECIONE A TAREFA A ANALISAR
Selecionar as tarefas a serem analisadas pode parecer simples, mas devemos ter cautela quando temos tempo e recursos limitados para analisar todos os passos relacionados à cada uma das diversas tarefas realizadas em determinada empresa.
Por esses motivos, uma boa prática é priorizar as tarefas de trabalho a serem analisadas. Dessa forma, mesmo que a análise de todas as tarefas não ocorra em um primeiro momento, haverá garantia de que as mais críticas foram examinadas.
Mas como determinar qual tarefa devo avaliar primeiro? Uma boa prática é priorizá-las usando os seguintes critérios:
• tarefas com as maiores taxas de acidentes ou doenças,
• tarefas com o maior potencial para lesões ou doenças,
• tarefas em que um simples erro humano pode levar a um acidente ou lesão grave,
• tarefas e processos recém-implementados, ou aqueles que sofreram mudanças em processos e procedimentos e
• trabalhos complexos o suficiente para exigir procedimentos por escrito.
Independentemente das tarefas selecionadas para avaliação, é fundamental ter informações precisas sobre os perigos que trabalhadores que os executam enfrentam.
PASSO 2: DIVIDA AS TAREFAS MAIORES EM FASES
Para realizar um análise de risco da tarefa completa e precisa, cada trabalho deve ser dividido em um passo a passo. De um modo geral, uma tarefa não deve conter mais de dez passos individuais. Se a sua tarefa exceder este número, considere separá-la em duas ou mais fases.
A divisão da tarefa em passos normalmente é realizada por meio de observação, com o acompanhamento de pelo menos um profissional de segurança do trabalho e/ou encarregado familiarizado com o trabalho analisado.
A observação de um funcionário experiente ajuda a garantir que os passos da tarefa são realizados na sequência correta e com as medidas de segurança adequadas, ajudando a identificar perigos que eventualmente não foram previstos anteriormente.
Isso também ajuda a garantir que todas as tarefas, mesmo as esquecidas com frequência (ex.: setup inicial; limpeza da máquina e/ou posto de trabalho) também estão sendo analisadas. Lembre-se: se uma tarefa não for identificada, os perigos também não podem ser identificados e controlados.
Assim que a observação for concluída, os participantes devem se reunir para revisar os resultados e garantir que todos os passos foram identificados.
PASSO 3: IDENTIFIQUE OS AGENTES, PERIGOS E POTENCIAL DE DANO
Os agentes relacionados ao passo de cada tarefa devem ser identificados e incluídos no grupo a que pertence: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
Logo após, os perigos devem ser identificados, através de uma série de perguntas. Você pode utilizar um checklist para isso, contendo perguntas como:
• Existem pontos de esmagamento de maneira que partes do corpo possam ficar presas entre máquinas ou objetos em movimento?
• As máquinas e equipamentos em uso apresentam algum outro perigo potencial?
• Existe risco potencial para escorregões, tropeções ou quedas?
• Existe risco de lesão devido à esforço excessivo ao levantar, empurrar ou puxar objetos?
• Existe risco de exposição a calor ou frio (temperaturas anormais)?
• A tarefa expõe os funcionários a ruído excessivo ou vibração?
• Existe exposição a substâncias tóxicas/perigosas, radiações ou eletricidade?
Esta lista não é exaustiva, e as perguntas feitas devem refletir os riscos potenciais únicos relacionados a cada passo das tarefas a cada trabalho analisado.
Além disso, os funcionários devem fornecer dados e informações sobre a identificação e sua percepção de perigos no processo.
O potencial de danos também deve ser contemplado nesta etapa, sendo descritos os possíveis impactos à saúde e integridade física do colaborador em razão da exposição ao risco.

PASSO 4: CALCULE A ANÁLISE DE RISCO DA TAREFA: DEFINIÇÃO QUANTITATIVA DO NÍVEL DE RISCO
Este passo tem como principal objetivo de realizar o cálculo da ART, informando o nível de risco na atividade que o colaborador exerce. Para isto, precisamos definir as seguintes variáveis:
Probabilidade (PO): Determine a probabilidade que o risco pode ocorrer durante a execução desta Tarefa.
0 – Impossível
0.1 – Quase impossível
0.5 – Altamente improvável
1 – Improvável
2 – Possível
5 – Poderá acontecer
8 – Provável
10 – Muito provável
15 – Certo
Frequência de Exposição (FE): Selecione a frequência em que o colaborador é exposto ao risco realizando esta tarefa:
1 – Anualmente
2 – Mensalmente
3 – Semanalmente
4 – Diariamente
5 – Constantemente
Grau Máximo de Perda ou Lesão (GPL): Defina a possível perda ou lesão que o colaborador pode ter ao ocorrer o Risco durante a execução da tarefa.
0.1 – Arranhão ou hematoma
0.5 – Laceração ou doença de efeito médio
1 – Fratura de um osso menor, ou doença ocupacional temporária simples
2 – Fratura de um osso maior, ou doença ocupacional permanente simples
4 – Perda de um membro, um olho, ou alguma doença ocupacional mais grave
8 – Perda de membros, olhos, ou doença ocupacional permanente
15 – Acidente fatal
Número de Pessoas em Risco (NP): Selecione a quantidade de pessoas que são envolvidas para realizar esta tarefa.
1 – (1 – 2 pessoas)
2 – (3 – 7 pessoas)
4 – (8 – 15 pessoas)
8 – (16 – 50 pessoas)
12 – ( > 50 pessoas)
Após definidas, as variáveis acima devem ser aplicadas na fórmula para cálculo do Nível de Risco (NR), a saber:
PO * FE * GPL * NP = NR
Exemplo:
Se selecionarmos os seguintes valores:
PO (Probabilidade) = 2 – Possível
FE (Frequência de Exposição) = 4 – Diariamente
GPL (Grau Máximo de Perda ou Lesão) = 1 – Fratura de um osso menor, ou doença ocupacional temporária simples
NP (Número de Pessoas em Risco) = 2 – (3 – 7 pessoas)
Teremos o seguinte cálculo: 2 * 4 * 1 * 2 = 16
NR = 16.00
PASSO 5: ESTUDE E IMPLANTE MEDIDAS DE CONTROLE
Superados os passos anteriores, é chegado o momento de definição das ações de controle, observando-se a hierarquia comumente conhecida pelos profissionais de saúde e segurança do trabalho. O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) relaciona cinco medidas de controle, em ordem de eficácia, a saber:
• Eliminação da fonte geradora do perigo
• Substituição dos processos ou matérias-primas por outros menos nocivos
• Controle na trajetória – Ambiente (barreiras físicas, ventilação local)
• Medidas administrativas e de organização do trabalho: alteração de layout, treinamentos – mude a maneira como as pessoas trabalham
• Controle no receptor – EPI – como medida residual e de exceção, mas que em grande parte dos casos é tratada como a única solução.
A eliminação de perigos é amplamente considerada a solução mais eficaz e de longo prazo para melhorar a segurança no trabalho. No entanto também frequentemente é a mais difícil e custosa no curto prazo para implementar. Controles administrativos e o fornecimento de EPI tendem a ter um custo menor para implementar inicialmente, mas muitas vezes são menos eficazes no controle de riscos e podem ser difíceis de manter a longo prazo.
A partir da análise de risco da tarefa, a empresa poderá criar um plano de ação para revisar e corrigir as medidas de controle que já foram implantadas e também para a adoção de novas formas de proteção.
PASSO 6: DOCUMENTE E COMUNIQUE OS RESULTADOS DA ANÁLISE DE RISCO DE TRABALHO
Depois que uma análise de risco do trabalho foi concluída, os resultados devem ser documentados e disponibilizados aos funcionários para que eles fiquem cientes dos perigos associados aos trabalhos que realizarão, bem como para que saibam quais medidas preventivas adotadas pela empresa ajudarão a mantê-los seguros.
Muitas vezes, os empregadores gastam tempo e esforço criando análise de risco da tarefa, apenas para que estes documentos desapareçam em uma gaveta ou em um computador e esquecidos. Quando isso acontece, as ARTs obviamente não estão cumprindo seu propósito.
Os funcionários precisam saber que existem ARTs e ter acesso rápido e fácil a elas. Além disso, os trabalhadores também precisam ser capazes de compreendê-las e participar de suas revisões. Isto pode ser facilmente realizado através de treinamentos.
As ARTs devem ser objetivas e fáceis de entender. Se não estão claros quais perigos correspondem a quais tarefas, ou os controles correspondentes à determinadas tarefas, então a ART falha em seu dever e pode não preparar adequadamente os colaboradores para entender e evitar riscos.
SE NECESSÁRIO, PROCURE AJUDA
Se mesmo após conhecer todas as etapas acima para realizar uma boa análise de risco em sua empresa você tiver dificuldades ou mesmo falta de tempo e recursos para fazê-la, você pode contar com a ajuda especializada de profissionais de saúde e segurança do trabalho.
A MN&A possui uma das melhores soluções em nuvem que ajuda a elaborar, implementar e realizar toda a gestão de ARTs.

Um bom software de análise de risco torna mais fácil desenvolver boas avaliações e rastrear ações corretivas, e quando combinado com um módulo de registro de incidentes/ocorrências, permite que os trabalhadores relatem facilmente incidentes e perigos identificados em seus locais de trabalho.
Realizar uma gestão eficaz de análise de risco da tarefa é um processo de melhoria contínua. Se ocorrer um acidente no local de trabalho, uma revisão das ART deve ser realizada imediatamente, para verificar se havia alguma deficiência que pode ter contribuído para o infortúnio.
Infelizmente, na prática, esta gestão não acontece com a frequência que deveria, mas é a única maneira de garantir que as ARTs estão realmente cumprindo o seu papel.
Espero que com este artigo você possa tornar o seu ambiente de trabalho mais seguro. Envolva seus colaboradores, elabore e/ou revise as ARTs existentes para garantir que eles conhecem e cumprem os passos envolvidos em seus processos de trabalho e todos os riscos associados.
Uma maior a percepção dos perigos que os trabalhadores enfrentam nos seus locais de trabalho leva a uma gestão de risco ocupacional mais eficaz, aumentando e fortalecendo a cultura de segurança inclusiva.
Um abraço e até a próxima!

Muito bem elaborado. Parabens
muito bom o artigo. gostaria muito da copia. e um modelo de ART, se possível. Obrigada.
Como preencher o ART
Muito bom